quarta-feira, 4 de setembro de 2013

História da Infância de Teocr - Treino de Lança




Eram 20 jovens. Todos com 11 anos de idade.

Estavam correndo com o equipamento completo de lanceiro.

As armaduras eram ajustadas ao seu tamanho, porém o peso foi alterado para que o equipamento pesasse o mesmo que a armadura de um adulto.

As lanças não eram modificadas. Eram as lanças usadas por seus ancestrais no campo de batalha. A maioria delas já tinha tirado vidas durante a Grande Guerra. Mas todas, sem exceção, tinham manchas de sangue no cabo.

Foram 8 km de corrida, após duas horas de treino com a lança. Foi bastante difícil para a grande maioria, mas dessa vez, nenhum dos 20 desmaiou.

Eles vieram dos arredores da floresta de Antak até a cidade de Kalahar.

Ao chegar à entrada da cidade, Athro, o general que os comandava, ordenou que parassem.   

- Atenção! Formação!

O grupo entrou em formação retangular. Quatro fileiras de cinco guerreiros cada.

- Marchem!

Entraram na cidade marchando, e assim foram até o Centro de Treinamento.

Esse Centro consistia em um conjunto de grandes construções, cada uma voltada a ensinar um grupo determinado de técnicas e filosofias de guerra. A construção na qual eles entraram consistia em uma grande cúpula. Nas paredes internas havia desenhos e estátuas retratando cenas de batalhas. O piso era de pedra, mas no centro havia um grande círculo onde o chão era de terra batida.

Sob a ordem do general Athro os vinte guerreiros se sentaram em torno da área de terra.

Athro era um dos responsáveis pela educação militar dos mais jovens. As cicatrizes em seu rosto eram mais eficientes em comprovar sua experiência no campo de batalha, do que as marcas, feitas nos braços, recebidas por atos de bravura. E ele também tinha muitas marcas.

O general se dirigiu para o centro do círculo de areia.

- Rakan!

- Sim, senhor.

 - Qual a arma usada por Altgr contra o monstro Ntshai?

- Uma lança, senhor.

- Exatamente. Pegue o livro.

Rakan se levantou, foi em direção a um pequeno altar construído na parede da construção. Em cima deste altar estava um livro. Ao chegar a sua frente, Rakan fez uma pequena reverência, abaixando um pouco a cabeça, como que pedindo permissão aos deuses para pega-lo. Pegou o livro, voltou para o centro do círculo e o entregou a Athro.

Athro folheou o livro até achar as páginas que queria.

- Aqui. Este é um desenho da luta de Altgr.

Entregou novamente o livro a Rakan, que o levou consigo e sentou-se novamente em seu lugar, para ver o desenho e passar o livro para o companheiro ao lado.

- Teocr, qual o nome da lança usada por Altgr?

- Nizak, senhor.

- E quem a entregou a Ele?

- A deusa Liginian, senhor.

- Exato. Verão nesta imagem que Nizak era uma lança longa. Exatamente como essa com que treinaram hoje.

- Ntshai era um monstro lento, mas era muito resistente e forte. Altgr sabia que não poderia simplesmente medir forças com ele. Mas teria que lutar dentro da caverna onde o monstro estava escondido. Não havia tanto espaço. Não poderia ataca-lo a distância como fez com Anktar. A lança era a escolha mais adequada. Pois possibilitava usar uma grande força, mas de forma precisa, e ainda, guardando certa distância do inimigo.

- Altgr lutou com o monstro por mais de 400 anos dentro da caverna. Quando saiu, não conseguia suportar a luz do dia, ficou como um cego. Mas Liginian cuidou Dele e fez com que descansasse o tempo necessário para se curar e reaprender a olhar de novo, sob a luz do dia. Assim aconteceu em tempos antigos.

- No dia de hoje, vocês aprenderam a golpear, estocar e a cortar com a lança. Se tivessem que lutar contra Nitshai, estariam mais preparados agora que aprenderam estas coisas, mas ainda é necessário muito treino.

- Conheci um mestre lanceiro que dizia que para adquirirmos verdadeira habilidade com uma técnica, devemos repeti-la ao menos dez mil vezes. Com esse número, a técnica se torna parte de nós. Não precisamos mais pensar, para executa-la.

- Terão que treinar por conta própria para alcançar esse número. Pois não será só a lança que os ensinaremos a usar.

- Lembrem-se, devem valorizar e se empenhar em cada treino que fazem. Nunca se sabe se um dia terão que enfrentar um monstro, como aqueles que Altgr enfrentou. Porém se estiverem preparados, não precisarão ter medo. Pois, poderão vencê-lo. E mesmo que não vençam, se estiverem bem treinados, não morrerão de forma desonrosa. Saberão lutar com dignidade. É o treinamento que garantirá a vocês que sejam respeitados tanto por seus concidadãos, aqui neste mundo, quanto pelos Deuses, no mundo além do céu.

- Em cada treino, em cada movimento, é a sua existência que esta em jogo. É o seu destino que esta sendo construído.

Athro olhou para os olhos dos meninos, percebeu que o olhar de alguns brilhava, outros mais tomados pelo cansaço ou por dores não haviam prestado muita atenção.

Se lembrou de quando estava exatamente no mesmo lugar e situação em que estavam agora. Lembrou-se das palavras de seu pai:‘O Caminho é difícil. Mas não mais difícil que o mundo.’

- Muito bem senhores. O treino de hoje terminou. Lavem-se e depois se dirijam ao acampamento para a refeição.

- Sim senhor. – disseram os vinte, em uníssono.

domingo, 11 de agosto de 2013

História da infância de Athor (11 anos) - História do Mundo



- A primeira civilização do Continente Antigo, de que temos registros, se chamava Alogária. Pouco se sabe sobre sua origem. Acredita-se que foram os primeiros homens a aprender a domar os cavalos e também a plantar. Eles formaram grandes cidades. Muitas das cidades de Vanrok levam o nome de cidades antigas de Alogária, como Haenes e Veter. Durante muito tempo foi o único reino civilizado do continente.

- Depois de eras de domínio absoluto sobre o mundo, várias tribos bárbaras começaram a se organizar contra Alogária, contra sua expansão.

- As constantes guerras foram fragmentando cada vez mais a força de seu império. Alogária aos poucos perdeu territórios, até que uma grande invasão a sua capital, Kárdia, foi organizada por seus inimigos.

- Diferentes tribos dividiram seus territórios e com o tempo reinos surgiram.

- E também houve guerra entre esses reinos. Até que cerca de 1300 anos atrás, um grupo de guerreiros vindos do Leste, de um lugar além do Oceano de Heav, chegou até o centro de nosso continente. Onde seu antepassado, O Lendário Rei Euristeu, Antigo General de Kárdia, delimitou seu reino, o reino de Vanrok.

- O Lendário Rei recebeu o grupo de guerreiros do Leste, cujo líder se chamava Eschieros, eles ficaram amigos. E juntos arregimentaram um grande exército que, expandiu Vanrok por todo o centro do Continente. De Namu a Reuleak, de Khan a Katar.

- E por que Esquieros e seus soldados vieram para cá?

- Isso não se sabe, talvez fossem apenas exploradores. Ou talvez seus reinos de origem estivessem destruídos.

- E por que ele ficou amigo de Euristeu e não de outro rei?

- Isso também é difícil saber. Sabe-se que Euristeu era muito respeitado por sua capacidade como general.  É provável que isso tenha chamado à atenção de Esquieros e tenham se conhecido por causa disso.

- Houve diversas guerras durante a expansão de Vanrok principalmente contra os reinos do norte. As guerras mais famosas são a Guerra de Valrar, a Guerra Partoniana contra as tribos de Khan, a Guerra de Taws, a Guerra de Vatur, a Guerra de Vasser, a Guerra de Yerkir, além de outras das quais nos vamos falar com o tempo.

- Mais recentemente, há 73 anos, teve início a Grande Guerra Rakeviana a guerra contra Altgra. Altgra iniciou como uma pequena tribo a sudoeste do Continente, aos poucos foram tomando os reinos vizinhos. Até que vimos sua campanha de expansão se aproximar de nossos territórios. Altgra tentou invadir Terniácole, que era antes um reino vizinho ao nosso.

- Terniácole foi um reino?

- Sim. Seu rei foi morto durante a guerra. Foi uma grande perda, pois era muito amigo de Etoriano, seu tataravô. Quem acabou tomando seu lugar foi um general Vanrokiano. Mais tarde o território foi anexado.

- Quando os altgrianos ameaçaram Terniácole, nós entramos na guerra contra Altgra. Nós sabíamos que se Terniácole fosse tomada, os altgrianos teriam uma base no lado oriental de Rakevia. E Vanrok e todo o leste do mundo estariam ameaçados.

- Nesse momento se iniciou a Grande Guerra, de Vanrok e seus aliados contra Altgra.

- Nessa época o rei de Altgra era Keatakar. O rei de Vanrok era Ethor. A guerra durou 70 anos. A mais extensa e sangrenta guerra no Continente até hoje. Vamos falar muito sobre essa guerra. Meu avô participou do inicio da Guerra, como general, meu pai também lutou, e também eu. Conheço muitas histórias, algumas que meu pai me contou, e outras que eu mesmo presenciei.

- Nesta guerra Vanrok não perdeu nenhum de seus territórios, mas Altgra conseguiu se expandir por todo o Oeste do Continente. Há 3 anos, seu avô o Rei Ethor II selou um acordo de paz com Euristeu, o rei de Altgra. Então, tem havido paz até agora.

- Esta é uma versão bastante resumida da história de nosso reino e nosso Continente. Muita das coisas que lhe falei você já conhecia. Mas algumas coisas das quais falaremos daqui em diante, apenas alguns conhecem. Espero que entenda a responsabilidade que terá, de guardar essas informações com cuidado. E também de usar essas informações para entender de forma clara como chegamos a nossa atual condição, e assim estar pronto para, quando chegar a sua hora, governar este reino com a grandeza que ele merece. A mesma grandeza com a qual ele foi governado pelos seus antepassados.

- A carga sobre seus ombros é grande. Mas você não está sozinho Athor, todos nós, todo o povo de Vanrok está ao seu lado.

- Se você se tornar um grande rei seu nome será lembrado assim como o de Erastóteles e de Batorshak seus grandes heróis. Portanto se anime.

- Sim, senhor.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

História da Infância de Teocr - Águia




Teocr estava descansando em seu quarto depois do treino da tarde. Estava olhando para o teto, quando percebeu, de repente, algo passar rápido pela janela do quarto. Não soube identificar o que era, mas parecia grande pela sombra que projetou.

Ele foi em direção à janela, que ficava no segundo andar do castelo, olhou para o chão e viu uma águia caída. Ele então disparou em direção à porta.

- Águia! Uma águia! – ele gritava.

- O que foi? – perguntavam os guardas.

Ele respondia com os mesmos gritos enquanto corria o mais rápido possível em direção ao portão interno.

Saiu e contornou as paredes até chegar ao local.

Quando viu a águia, parou. Teocr estava a cerca de 4 metros do animal. Ela estava na areia, próxima ao muro do castelo. Sua asa estava dobrada de forma estranha.

De repente, o animal percebeu sua presença e retornou para o menino um olhar cheio de fúria.

E neste momento, no exato momento em que seus olhares se cruzaram, pareceu para Teocr, que tudo, com exceção da águia, havia deixado de existir. Era como se ele mesmo não existisse mais. Por um tempo, que Teocr não conseguiria definir quanto, foi assim.

Mas de repente, a águia gritou. E esse grito, para o menino, foi como uma onda gigantesca, que o alcançou e o golpeou com uma grande força. Ele caiu sentado no chão, atônito, com os olhos fixos nos da águia.

- Teocr, ai esta você.

A águia então voltou sua atenção ao guarda que havia chegado.

No momento em que os olhos da águia se desviaram, Teocr voltou a sí, e se virou para o guarda.

- A águia está machucada.

O guarda olhou para a asa.

- A asa esta quebrada. Para ajudar precisamos imobiliza-la e colocar ataduras. Existe um homem no 
reino que treina falcões. Ele deve saber o que fazer. Vou mandar busca-lo.

O falcoeiro trouxe ataduras e equipamentos. Com habilidade ele capturou e imobilizou a águia. Então colocou nela um equipamento que prendeu sua asa.

Teocr acompanhou todo o processo, ajudando naquilo que podia.

Ele pediu para que a gaiola com a águia ficasse em seu quarto e foi ele quem a alimentou todas as vezes.

Depois de uma semana e meia, ela deu sinais de melhora.

O falcoeiro a imobilizou novamente, retirou a atadura e colocou-a novamente na gaiola.

- Agora você pode solta-la. Ela vai voar. Quer solta-la agora?

Teocr olhou mais uma vez para seus olhos. Assim como havia feito em muitos momentos enquanto cuidava dela. Mas não conseguia sentir o mesmo que sentiu na primeira vez que a encontrou.

- Eu vou solta-la.

Eles a levaram para fora do castelo. Direcionaram a porta da gaiola para as montanhas. Ele a abriu e a águia disparou.

Ela voou alto, fez alguns círculos no céu, depois voou para mais longe, até que aos poucos 
desapareceu da vista do menino.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Disciplina


A disciplina é importante na busca de muitos objetivos.

Disciplina é fazer regularmente uma coisa visando alcançar um objetivo.

A dificuldade em se ter disciplina vêm do fato de não enxergarmos os resultados que vêm em longo prazo.

Um exemplo é quando fazemos exercícios físicos.

Não é possível perceber em um único dia de exercício físico, qualquer tipo de desenvolvimento na nossa força.

Mas se continuarmos nos exercitando, em algum momento, depois de algumas semanas ou meses, seremos capazes de perceber que conseguimos algo que não tínhamos antes.

Portanto, para que tenhamos disciplina é necessário enxergar a frente.

É necessário enxergar o resultado final do esforço que estamos fazendo, mesmo que ele não seja aparente no momento atual. Isso só é possível tendo-se conhecimento de qual é o resultado da repetição daquele esforço.

E também é necessário que acreditemos que de fato esse resultado surgirá, pois, se duvidarmos disso, poderemos ficar desmotivados e não ver mais motivo para continuar se esforçando.

Portanto a disciplina depende da fé, pois fé é acreditar que algo é possível, mesmo que não consigamos enxergar essa possibilidade, ou que a enxerguemos muito pouco.

Quando se trata do nosso desenvolvimento como ser humano, os resultados realmente importantes demoram muito para serem construídos. Não é possível percebê-los em dias, semanas ou meses, a maioria precisa de alguns anos, alguns até de décadas.

É realmente muito difícil manter-se motivado a fazer um esforço continuado, cujo resultado só virá daqui a muitos anos. É preciso acreditar muito fortemente de que esse esforço é realmente necessário.

É preciso enxergar o objetivo que queremos conquistar como uma necessidade.

Conseguimos enxergar um objetivo como necessário, quando percebemos a falta que ele faz em nossa vida, no atual momento.

Enxergar a falta que o alcance desse objetivo faz em nossa vida, pode nos trazer a motivação necessária para que continuemos a nos esforçar para alcançá-lo.

Portanto a disciplina funciona ao se entender o que precisamos no momento presente, e ao se acreditar firmemente que graças ao esforço continuado que estamos fazendo, o resultado realmente virá.