quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Abstração


Teoria baseada nas interpretações das descobertas de Buda , expressa nas quatro nobres verdades , e em minhas próprias observações.
O que não estava muito bem acertado era a definição de desejo , e parece que consegui resolver esse problema.
A definição é a seguinte :
O desejo é a tentativa por parte do indivíduo de se utilizar de uma lógica individual.
Essa lógica individual, nasce da capacidade que o ser humano vem cultivando através do tempo, a abstração.
Através da abstração o indivíduo cria códigos e conceitos individuais , que não dependem das observações concretas.
Através da abstração são criados conceitos , com alto grau de simetria , teorias muito especiais que não encontram paralelo na realidade concreta.
Através desses conceitos foram criadas a matemática , a física .(estudos cuja simetria se torna cada vez mais aparente.).
Portanto esses conceitos foram muito úteis ao ser humano.
Porem esta mesma capacidade de abstração trouxe conceitos inúteis ( o que é absolutamente natural que aconteça em todo processo de criação).
É muito importante dizer ( foi uma verificação que fiz ) que essas lógicas são criadas individualmente.
Há um tempo eu tive a idéia de que a comunicação entre os indivíduos é que haveria criado esses conceitos, porêm agora verifico que essa responsabilidade não pode ser diluída, o desenvolvimento de um conceito é absolutamente individual.
Maximizada a capacidade de abstração, o indivíduo cria conceitos e códigos complexos formando uma nova lógica .
Como essa capacidade de abstração é, a todo momento, presente, o indivíduo julga ser possível se utilizar dessa lógica.
E no momento em que ele se utiliza dessa lógica ele verifica, em algumas situações (pois podem ocorrer coincidências em relação às conseqüências e nunca em relação à lógica) que as conseqüências dos eventos que ele provocou com base nessa lógica não são aqueles esperados. Daí então vem o sofrimento.
Uma analogia seria:
Um homem esta a beira de um precipício. Concretamente não existe uma ponte pela qual ele possa passar para o outro lado.
Porem o homem não confia neste dado concreto, isso porque ele cria um conceito, de que deve sim haver uma ponte ali, ( O conceito poderia ser : aqui deve haver uma ponte porque ela seria útil aqui, seria bom ela estar aqui, seria correto, seria justo, etc.)
Ele confia tanto nesse conceito, que ele pisa na ponte, que concretamente não existe. Ele então cai no precipício.
Uma queda num precipício seria fatal, mas se não fosse, para esse homem , ele poderia voltar e cometer o mesmo erro.
Ele poderia criar novas lógicas e assim confiar que a ponte esta ali por outros motivos.
No momento em que ele criou a sua ponte o homem estava desejando.
Se diz que o homem estava desejando pois ele tentou sobrepor os seus conceitos à realidade.
Tal qual um homem que encontrasse a lâmpada magica de Alladim, ele diz ao gênio o que ele quer, e que assim seja independentemente da realidade, pois é assim que ele quer.
No cotidiano a criação de lógicas abstratas pode ser verificado quando nós pensamos em fazer alguma coisa antes de fazer, ou de não fazer.
Quando nós pensamos estamos sempre utilizando a nossa capacidade de abstração, mesmo quando apenas falamos no pensamento.
Os códigos da fala são códigos abstratos, concretamente esses códigos não querem dizer nada, é claro que os sons existem e é somente assim que eles podem ser observados.
Concretamente qualquer som, um grito, uma palavra ou uma frase bem formada, não diferem uns dos outros, são apenas o resultado de vibrações através de um meio material.
Portanto quando tentamos formar uma frase no pensamento, estamos tentando criar um conceito, uma idéia.
Quando criamos um conceito, o fazemos para que a sua lógica se adeqüe ao objeto do conceito.
Portanto estamos aí também criando ou desenvolvendo uma lógica. 
Existem exemplos mais aparentes do uso da abstração como criadora de conceitos, como o indivíduo que trata a fotografia de uma pessoa como se fosse a própria pessoa; comer sem estar com fome ou sem necessidade; torcer para um time de futebol, etc... . Muitos outros exemplos existem.
Uso o termo lógica individual, porêm é importante atentar ao fato de que, com o passar do tempo, na história humana, os indivíduos verificaram ser muito útil e , porque não dizer, necessário à evolução e liderança da espécie, a criação de códigos e conceitos coletivos. Esses conceitos existem apenas em larga escala, é possível verificar diferenças nos códigos em pequena escala.
Essas variações ( diferenças ) não podem deixar de existir pois esses conceitos se adequarão ao conjunto lógico da pessoa , que é criado individualmente e portanto irrepassável.
A lógica é sempre individual , os conceitos podem ser criados individualmente ou por terceiros.
É preciso dizer que a lógica também pode se adequar aos conceitos, é o que denominamos aprender, porêm mesmo esta adaptação pode ser variável, quantitativamente variável (se adaptar menos ou mais ). Além disso conceitos são afetados por outros conceitos.
Por isso acredito não haverem lógicas idênticas.
Se isso for verdadeiro a teoria de Buda sobre não existirem conceitos absolutos se torna verdadeira. Isso porque um conceito absoluto criaria lógicas idênticas.

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